Tratamento do esgoto

Um sistema de tratamento de esgoto tem por finalidade tratar as águas servidas da residência.

Essas águas podem ser chamadas de “água cinza” se são de pias, tanques e chuveiros ou “água preta ou negra” se vem dos vasos sanitários.

efluentes

Para o tratamento da “Água Negra” nós decidimos utilizar uma Bacia de Evapotranspiração (BET).

A recomendação para o tamanho da bacia varia de 1 a 2 m³ por pessoa, respeintado-se uma profundidade mínima de 1 m.

A nossa bacia ficou com mais ou menos 1,5 m³ por pessoa.

As dimensões foram 1,5 m de largura x 3,0 m de comprimento x 1,3 m de profundidade.

Acompanhe pelas fotos a construção da nossa BET.

Aqui a escavação da bacia concluída.

escavação

Para que a BET seja eficiente ela deve ser muito bem impermeabilizada.

Para isso fizemos um chapisco com massa de cimento diretamente sobre as paredes e fundo da bacia.

Depois de secar um pouco o cimento fixamos uma tela, daquelas usadas para cerca, em todas as paredes e fundo do buraco.

A tela que usamos foi de plástico, mas pode ser também de arame.

O tamanho do “gomo” é médio, mas pode ser utilizada a tela de pinteiro, com um “gomo” menor.

Depois de fixar bem a tela faz-se um reboco completo, bem caprichado, em todas as paredes e fundo.

Esse reboco é que vai garantir a impermeabilização da BET.

recobrindo tela

Concluída a impermeabilização deve-se esperar para secar um pouco o cimento e aí começamos a encher a bacia.

Quando estávamos fazendo a BET tivemos um período de chuva intensa.

Como pode ser visto na foto a água se acumulou no fundo enquanto fazíamos a montagem da camara séptica – composta pela sequência de pneus.

Até não achei ruim pois assim pudemos comprovar a impermeabilização das paredes!

DSC03189

O tubo branco no fundo da imagem é o tubo que vem dos vasos sanitários. Tubo comum de pvc com 100mm de diâmetro.

O tubo fino que se vê na imagem é o tubo de chegada de água na casa. Após a conclusão da BET fizemos o desvio dessa entrada.

Abaixo um detalhe da entrada do tubo na câmara séptica.

tubo e caliça

 

Em seguida colocamos todo o “recheio” da câmara.

enchimento 1

 

Os materiais de enchimento são caliça, pedrisco grosso, pedrisco mais fino, até chegar na areia.

Por último colocamos uma boa camada de palha seca e terra comum.

Concluído o enchimento da câmara plantamos algumas bananeiras ou outras espécies de folhas grandes.

Aqui uma foto da bacia completa, mas sem as bananeiras ainda.

bet pronta

 

Para o tratamento das “água cinza” oriunda da cozinha e lavanderia montamos um círculo de bananeiras.

O passo-a-passo desse sistema fica pra semana que vem.

 

Técnicas de Construção com Terra Crua – Construção Natural

Quando escrevi o artigo sobre adobe aqui no blog não imaginava a repercussão que teria.

Mais do que isso, não imaginava que teria que estudar mais um bocado para poder responder aos questionamentos e dúvidas que surgiram.

E isso foi muito bom pois acabei aprendendo muita coisa interessante.

O assunto do momento é o aquecimento global e imediatamente nos lembramos dos grandes vilões da vez, os automóveis, e não nos damos conta do quanto nossas casas também contribuem para o agravamento da situação.

Você já pensou em quanta energia se gasta para produzir e transportar os materiais de construção, usados corriqueiramente, como tijolos cozidos e cimento?

E a energia que usamos para aquecer ou resfriar nossas casas e escritórios?

Por outro lado, você sabia que aproximadamente 1/3 da população mundial vive em edificações que utilizam a terra e técnicas com barro como a base de suas construções?

As construções feitas com terra crua apresentam um excelente conforto térmico, mantendo a temperatura e a umidade relativa do ar estáveis ao longo do ano dentro dos ambientes construídos.

O gasto de energia para transporte e transformação dos materiais utilizados é praticamente nulo.

“Uma construção tradicional é vernacular por essência, ou seja, utiliza materiais e técnicas próprias de seu lugar, demanda pouca energia para sua construção e demonstra enorme respeito ao meio na qual está edificada; fazendo parte assim do amplo leque das construções sustentáveis.” (http://ambiente.hsw.uol.com.br/adobe.htm)

Para conhecer um pouco da história das construções com terra acesse http://ambiente.hsw.uol.com.br/adobe2.htm.

Em uma construção natural podemos utilizar além da terra, pedras, fardos de palha, bambu, tocos de madeira e resíduos não processados.

Aqui falaremos das técnicas que utilizam a terra crua como matéria prima.

Para as diferentes técnicas utiliza-se uma massa básica constituída de terra com 60 a 70% de areia, 30 a 40% de argila e água em quantidade suficiente.

Alguns aditivos podem ser agregados de acordo com as necessidades ou com a técnica escolhida.

Os principais aditivos são:

Esterco de vaca ou cavalo que são estabilizantes químicos da massa.

Grãos, fibras, folhas secas e limpas, capins e palhas que estabilizam a massa e “amarram” internamente as partículas de areia e solo.

Cimento, cal e ou cinzas que proporcionam uma liga mais resistente e mais durável.

Óleos vegetais, látex, seivas e ou betume asfáltico que torna a mistura mais impermeável e com menos água fica mais resistente às intempéries.

(http://ambiente.hsw.uol.com.br/adobe3.htm)

Outro aspecto importante diz respeito à fundação e cobertura dessas edificações.

A fundação tem por finalidade isolar as estruturas de parede da umidade do solo.

Pode ser feita de concreto ou pedras.

A cobertura deve proporcionar um beiral de pelo menos 50cm.

As paredes devem receber uma proteção  e/ou pintura.

Técnicas

Adobe

A massa básica do adobe é feita com terra local (60 a 70% de areia, 30 a 40% de argila) e água suficiente para que se obtenha uma massa plástica e moldável.

Como aditivo físico pode-se utilizar algum tipo de capim ou palha longa e como estabilizante químico usa-se o esterco de vaca ou cavalo.

Nesse ponto acontece a primeira grande dúvida, como pudemos observar nos comentários do blog.

Onde vou conseguir o esterco, há algum substituto?

Tendo lido muitas informações sobre o adobe, poderia dizer que o esterco e a palha não devem ser os fatores limitantes para a fabricação dos tijolos, uma vez que, como dito anteriormente, a massa básica original é terra e água.

Os aditivos possíveis são citados no início do texto, mas gostaria de sugerir que sejam utilizados preferencialmente aqueles não industrializados.

Um dos aditivos substitutos mais citados é a cal. É importante utilizar a cal hidratada. A quantidae sugerida é aproximadamente 10% do total da mistura, por exemplo, para cada 10 litros de terra (um balde) usa-se 1 kg de cal. Mesmo utilizando-se a cal hidratada é importante lembrar que a mistura pode “queimar”, então é recomendável usar luvas e botas para trabalhar.

A terra deve ser peneirada e a massa deve ser muito bem amassada. Pode-se deixar a massa misturada descansando por uns dois à sombra. Depois desse período mistura-se novamente a massa e adiciona-se a água.

Os tijolos prontos devem descansar à sombra para secar.

Quanto maior a umidade ambiente mais demora para secar o tijolo. Em locais sujeitos a chuva eles devem ficar em local aberto, arejado e coberto.

Os tijolos devem ser virados com freqüência para uma secagem homogênea.

A massa utilizada para assentar os tijolos e para rebocar as paredes é a mesma que se usa para fazer os tijolos.

COB

Esta técnica utiliza a mesma massa do adobe, porém diretamente no local da construção.

São feitas bolotas com a massa e essas são assentadas umas ao lado das outras em camadas de até 20 cm. Faz-se todo o perímetro do cômodo a ser construído de uma só vez, respeitando as camadas. Cada camada deve secar bem antes de se começar a próxima camada.

Os cuidados com a fundação e cobertura são os mesmos que para as demais construções com terra crua.

Esta técnica permite que se façam cômodos circulares e se agreguem esculturas na própria estrutura das paredes.

(http://permaculturabr.ning.com/group/biocasa/forum/topics/tecnica-cob#.Tq36knImu9s)

Taipa de Pilão ou Taipa Socada

A massa usada é apenas terra (60 a 70% de areia, 30 a 40% de argila) e água apenas para umedecer. Pode-se acrescentar 10% de Cal na mistura.

Essa massa é colocada em uma forma instalada onde será levantada a parede e socada até tornar-se um bloco compacto.

As camadas de terra devem ser pequenas e bem socadas.

Cada vez que se preenche completamente a forma, ela é desmontada e montada novamente acima do nível concluído e o processo continua até a altura desejada.

                   http://ambiente.hsw.uol.com.br/adobe6.htm

 (http://yvypora.wordpress.com/2007/06/17/terceira-parede/43/)

Essa técnica proporciona a construção de paredes muito sólidas e que depois de prontas recebem um bom reboco e pintura.

Informações bem detalhadas são encontradas no blog da Casa da Montanha (http://yvypora.wordpress.com/category/paredes-de-taipa/)

Taipa de mão ou Pau-a-Pique

Esta é uma técnica onde se utiliza uma armação de madeira ou bambu recoberta com barro.

Bastante utilizada no meio rural, sofre de alguns preconceitos, mas o trabalho sendo realizado com critério e rigor cria estruturas muito bonitas e agradáveis.

É importante que se faça uma boa fundação que isole as paredes da umidade do solo e também um bom sistema de sustentação da armação de madeira.

 (http://static.hsw.com.br/gif/adobe-taipa-mao-b.jpg,

http://static.hsw.com.br/gif/adobe-taipa-mao-c.jpg)

A massa utilizada para recobrir a estrutura é a mesma usada para o adobe, isto é, terra local (60 a 70% de areia, 30 a 40% de argila), água suficiente para que se obtenha uma massa plástica e moldável, algum tipo de capim ou palha longa e esterco de vaca ou cavalo.

A estrutura deve ser preenchida com a massa sem deixar buracos ou falhas. Após a secagem, por umas três ou quatro semanas, podem aparecer algumas rachaduras que devem ser fechadas com a mesma massa utilizada anteriormente, Faz-se essa opração com uma espétula, preenchendo bem todas as trincas e deixando a parede toda com a superfície bem uniforme.

Após mais um mês faz-se a aplicação do reboco utilizando-se uma massa de barro e cal. Depois de seco o reboco é só pintar.

As paredes de taipas apresentam menor resistência à compressão, então sugere-se que a cobertura dessas construções seja feita com materiais leves e respeitando-seum beiral de pelo menos 50cm.

CORDWOOD (toquinhos de madeira)

A massa utilizada aqui é composta de terra local (60 a 70% de areia, 30 a 40% de argila)+serragem+cimento+cal.

Uma receita que pode servir de exemplo é a seguinte:

2 baldes de terra peneirada

1 balde de areia média peneirada

1 balde de cal

2/3 de balde de cimento

1 balde de serragem deixada de molho de um dia para o outro.

A terra disponível nesse caso tem uma proporção de aproximadamente 40% de AREIA E 60% DE ARGILA, por isso acrescenta-se a areia para se chegar à proporção necessária de 60% de AREIA E 40% DE ARGILA.

A massa é utilizada para assentar os tocos de madeira ou garrafas e assim forma-se a parede.

Não se faz reboco sobre a parede acabada.

SUPERADOBE

“Esta técnica ganhou notoriedade em 1984 quando a Agência Aeroespacial Norte Americana (NASA), promoveu um simpósio (Lunar Bases and Space Activies of the 21º Century) reunindo arquitetos e engenheiros para discutir a viabilidade de se construir na Lua.

Criado por Nader Khalili, arquiteto iraniano radicado nos Estados Unidos, o super adobe surpreendeu por evitar que grandes quantidades de material tivessem que ser levados ao espaço.” (http://ambiente.hsw.uol.com.br/adobe4.htm).

A técnica consiste em preencher com terra sacos de polipropileno que são empilhados formando as paredes.

Cada camada assentada deve ser bem socada e um fio de arame farpado deve ser colocado entre as camadas ara dar maior estabilidade ao conjunto.

Após a conclusão da estrutura faz-se um reboco como nas técnicas anteriormente descritas.

Algumas conclusões

Antes de iniciar uma construção, seja qual for a técnica escolhida é preciso lembrar que esta é uma empreitada que requer comprometimento e responsabilidade.

Avaliar a disponibilidade de material, tempo e mão de obra é imprescindível para decidir qual a técnica mais adequada.

Escolhida a técnica muitos testes devem ser feitos antes de iniciarmos a obra. Faça pequenos protótipos e observe os resultados.

Anote as “receitas” para saber qual deu certo e assim poder repeti-las com sucesso.

Para que sejamos coerentes com essa escolha, devemos nos lembrar que não basta construir paredes de forma “alternativa”.

Uma construção natural implica no uso consciente  e racional dos materiais, mesmo que sejam “de graça”, adequação dos sistemas de iluminação e tratamento de resíduos e uma inserção responsável na comunidade.

Quando tomamos os devidos cuidados podemos construir uma casa que será efetivamente um lar que terá a nossa cara.

Alguns sites para consulta

http://yvypora.wordpress.com/

http://www.abeta.com.br/aventura-segura/socioambiental/pgn.asp?id_pg=114&nivel=2

http://www.abcterra.com.br/construcoes/index.htm

http://ambiente.hsw.uol.com.br

Fabricando tijolos de adobe

A preparação para o curso de bioconstrução me apresentou o desafio de fabricar tijolos de adobe.

Muito havia ouvido falar mas nunca tinha estado, conscientemente, perto de um tijolo de adobe e muito menos fazia idéia de como seria fabricá-los.

Bem, tive que me virar e fiz conforme me foram indicando meus amigos Jorge, Tomaz e Cecília. E qual não foi minha surpresa ao ver meus tijolinhos darem certo.

Para fabricar os tijolos de adobe você precisará de terra, esterco fresco de vaca ou cavalo, palhada, água e formas.

MATERIAIS

A composição ideal da terra deve ser 60 a 70% de areia e 30 a 40% de argila.

Para verificar essa característica pegue um frasco de vidro grande e de boca larga. Preencha com a sua terra até 1/3 do volume e depois complete com água até 2/3 do volume.

Para o meu  teste utilizei garrafas pet, mas me pareceu que não aconteceu uma boa separação do material, assim, recomendo que se use potes de vidro mesmo!

Faça uma agitação bem intensa e depois deixe descansar. As partículas irão se separar e a areia irá para o fundo ficando a argila por cima. Por último fica a água que deve estar bem límpida. Medindo a altura da areia e da argila se define a porcentagem de cada uma.

teste terra

A terra que será utilizada deve ser retirada a partir de uns 50cm de profundidade, pois a camada mais superficial costuma ter boa quantidade de matéria orgânica em decomposição (serrapilheira, raízes, restos de animais e plantas,…) e esse material pode influenciar negativamente na qualidade do tijolo.

No meu caso a proporção estava ao contrário, muito mais argila que areia, por isso comprei areia para preparar uma boa mistura de terra. Para a mistura usamos 7 pás de areia para 3 pás de terra.

Como aditivos usa-se o esterco e a palha.

O esterco ajuda na estabilização química do tijolo e a palha na estabilização física.

As formas podem ser feitas de madeira ou metal. Quanto mais lisas forem as paredes internas mais facilmente se solta o tijolo. As dimensões variam de acordo com a necessidade, mas seria bom que o tijolo tivesse o comprimento igual a duas vezes a largura e a altura próximo à medida da largura. É conveniente colocar “abas” para levantar a forma.

Podem ser individuais, duplas ou quádruplas, ter formatos variados, por exemplo, em formato de cunha, com cantos arredondados, meio-tijolo, …

Fizemos formas simples e duplas de madeira. As dimensões são 20cm x 10cm x 10cm.

forma dupla

forma simples

modelos formas

O PREPARO

Para preparar a massa faça uma pequena depressão no solo e cubra com uma lona plástica grande. Coloque os ingredientes e vá pisando para juntar tudo. Acrescente a água, bem devagar. A massa deve ficar bem plástica e moldável. Muita água e perde a forma, muito seca, se esfarela.

A quantidade de água é variável e depende do grau inical de umidade do material utilizado (terra, areia).

O esterco utilizado deve ser fresco, de preferência.

Na minha “fábrica” fizemos algumas experiências.

Para a primeira receita utilizamos uma betoneira, que eu já tinha. Misturamos a terra, a areia, o esterco e a água. À medida que a betoneira ia trabalhando percebemos que a água começou a “sobrar” e a massa ficou mole. Acrescentam0s mais terra, areia e esterco.

betoneira 1

A terra e a areia que utilizamos estavam muito molhadas devido à chuva dos dias anteriores, por isso acredito que acabamos usando pouca água na mistura.

Na receita seguinte colocamos bem pouca água  e a massa ficou com boa consistência.

Para a terceira receita utilizamos a lona plástica e a betoneira. Misturamos a terra com a areia e o esterco na betoneira, despejamos na lona e fomos pisando enquanto acrescentávamos a palha e a água. Quando fizemos essa receita a terra estava mais seca e então usamos mais água.

Ficou muito bom. De início achei que coloquei muita palha, aí acrescentei mais da mistura básica e cheguei a um bom ponto.

Depois de bem amassada comece a fazer os tijolos. Molhe as formas pois assim os tijolos saem com mais facilidade.

Faça bolas com a  massa e jogue dentro da forma preenchendo bem os cantos. Retire o excesso de massa e desenforme o tijolo.

Tijolo e forma

Após retirar o tijolo passe a forma novamente na água e retire qualquer resíduo que tenha ficado grudado.

molhando formas 1

Os tijolos são postos para secar e depois de dois dias devem ser virados.

tijolos secando

Para a secagem completa dos tijolos pode demorar de poucos a vários dias dependendo das condições climáticas e da quantidade de umidade inicial do tijolo.

Em períodos mais úmidos é mais demorado, períodos mais secos e ensolarados seca mais rápido.