Curioso !!!!!!

Recebo diariamente o Jornal Ambiente Brasil (www.ambientebrasil.com.br) e hoje estava uma “mensagem”, que anexo a seguir, cujo teor me chamou a atenção quanto à visão que temos da cidade e do campo.

Sou moradora na área rural, mas frequento e convivo com pessoas da cidade, por isso realmente entendo bem o que o “Zé” tá falando pro “Luis”.

18 / 11 / 2008 Carta do Zé agricultor para Luis da cidade

Luciano Pizzatto (*)

Luis,

Quanto tempo. Sou o Zé, seu colega de ginásio, que chegava sempre atrasado, pois a Kombi que pegava no ponto perto do sítio atrasava um pouco. Lembra, né, o do sapato sujo. A professora nunca entendeu que tinha de caminhar 4 km até o ponto da Kombi na ida e volta e o sapato sujava.

Lembra? Se não, sou o Zé com sono… hehe. A Kombi parava às onze da noite no ponto de volta, e com a caminhada ia dormi lá pela uma, e o pai precisava de ajuda para ordenhá as vaca às 5h30 toda manhã. Dava um sono. Agora lembra, né Luis?

Pois é. Tô pensando em mudá ai com você.

Não que seja ruim o sítio, aqui é uma maravilha. Mato, passarinho, ar bom. Só que acho que tô estragando a vida de você Luis, e teus amigo ai na cidade. To vendo todo mundo fala que nóis da agricultura estamo destruindo o meio ambiente.

Veja só. O sitio do pai, que agora é meu (não te contei, ele morreu e tive que pará de estuda) fica só a meia hora ai da Capital, e depois dos 4 km a pé, só 10 minuto da sede do município. Mas continuo sem Luz porque os Poste não podem passar por uma tal de APPA que criaram aqui. A água vem do poço, uma maravilha, mas um homem veio e falo que tenho que faze uma outorga e paga uma taxa de uso, porque a água vai acabá. Se falo deve ser verdade.

Pra ajudá com as 12 vaca de leite (o pai foi, né …) contratei o Juca, filho do vizinho, carteira assinada, salário mínimo, morava no fundo de casa, comia com a gente, tudo de bão. Mas também veio outro homem aqui, e falo que se o Juca fosse ordenha as 5:30 tinha que recebe mais, e não podia trabalha sábado e domingo (mas as vaca não param de faze leite no fim de semana). Também visito a casinha dele, e disse que o beliche tava 2 cm menor do que devia, e a lâmpada (tenho gerador, não te contei !) estava em cima do fogão era do tipo que se esquentasse podia explodi (não entendi ?). A comida que nóis fazia junto tinha que faze parte do salário dele. Bom, Luis tive que pedi pro Juca voltá pra casa, desempregado, mas protegido agora pelo tal homem. Só que acho que não deu certo, soube que foi preso na cidade roubando comida. Do tal homem que veio protege ele, não sei se tava junto.

Na Capital também é assim né, Luis? Tua empregada vai pra uma casa boa toda noite, de carro, tranquila. Você não deixa ela morá nas tal favela, ou beira de rio, porque senão te multam ou o homem vai aí mandar você dar casa boa, e um montão de outras coisa. É tudo igual aí né?

Mas agora, eu e a Maria (lembra dela, casei ) fazemo a ordenha as 5:30, levamo o leite de carroça até onde era o ponto da Kombi, e a cooperativa pega todo dia, se não chove. Se chove, perco o leite e dô pros porco.

Té que o Juca fez economia pra nóis, pois antes me sobrava só um salário por mês, e agora eu e Maria temos sobrado dois salário por mês. Melhoro. Os porco não, pois também veio outro homem e disse que a distancia do Rio não podia ser 20 metro e tinha que derruba tudo e fazer a 30 metro. Também colocá umas coisa pra protege o Rio. Achei que ele tava certo e disse que ia fazê, e sozinho ia demorá uns trinta dia, só que mesmo assim ele me multo, e pra pagá vendi os porco e a pocilga, e fiquei só com as vaca. O promotor disse que desta vez por este crime não vai me prendê, e fez eu dá cesta básica pro orfanato.

O Luis, ai quando vocês sujam o Rio também paga multa né?

Agora a água do poço posso pagá, mas to preocupado com a água do Rio. Todo ele aqui deve ser como na tua cidade Luis, protegido, tem mato dos dois lado, as vaca não chegam nele, não tem erosão, a pocilga acabo …. Só que algo tá errado, pois ele fede e a água é preta e já subi o Rio até a divisa da Capital, e ele vem todo sujo e fedendo ai da tua terra.

Mas vocês não fazem isto né Luis. Pois aqui a multa é grande, e dá prisão. Cortá árvore então, vige. Tinha uma árvore grande que murcho e ia morre, então pedi pra eu tira, aproveitá a madeira pois até podia cair em cima da casa. Como ninguém respondeu ai do escritório que fui, pedi na Capital (não tem aqui não), depois de uns 8 mes, quando a árvore morreu e tava apodrecendo, resolvi tirar, e veja Luis, no outro dia já tinha um fiscal aqui e levei uma multa. Acho que desta vez me prende.

Tô preocupado Luis, pois no radio deu que a nova Lei vai dá multa de 500,00 a 20.000,00 por hectare  e por dia da propriedade que tenha algo errado por aqui. Calculei por 500,00 e vi que perco o sitio em uma semana. Então é melhor vende, e ir morá onde todo mundo cuida da ecologia, pois não tem multa ai. Tem luz, carro, comida, rio limpo. Olha, não quero fazê nada errado, só falei das coisa por ter certeza que a Lei é pra todos nois.

E vou morar com vc, Luis. Mais fique tranqüilo, vou usá o dinheiro primeiro pra compra aquela coisa branca, a geladeira, que aqui no sitio eu encho com tudo que produzo na roça, no pomar, com as vaquinha, e ai na cidade, diz que é fácil, é só abri e a comida tá lá, prontinha, fresquinha, sem precisá de nóis, os criminoso aqui da roça.

Até Luis.

Ah, desculpe Luis, não pude mandar a carta com papel reciclado pois não existe por aqui, mas não conte até eu vendê o sitio.

(Todos os fatos e situações de multas e exigências são baseados em dados verdadeiros. A sátira não visa atenuar responsabilidades, mas alertar o quanto o tratamento ambiental é desiqual e discricionário entre o meio rural e o meio urbano.)

* É engenheiro florestal, especialista em direito socioambiental e empresário, diretor de Parques Nacionais e Reservas do IBDF/IBAMA 88/89, deputado desde 1989, detentor do 1º Prêmio Nacional de Ecologia.

Jornal Ambiente Brasil (www.ambientebrasil.com.br)

Trabalhos de primavera/verão

Embora estejamos na primavera, as temperaturas não estão tão elevadas.

No jornal AmbienteBrasil (www.ambinetebrasil.com.br) temos a seguinte notícia:

18 / 11 / 2008 Paraná tem primavera mais fria desde 1970

Moradores do Paraná estão enfrentando a primavera mais fria dos últimos 38 anos. A um mês do verão, Curitiba registra temperaturas típicas do inverno. E os moradores têm de buscar as roupas de frio no armário.

Nesta segunda-feira (17), a temperatura ficou em torno de 12ºC, mas a sensação térmica foi de 7ºC. Desde 1970, não fazia tanto frio nessa época do ano.

Na capital paranaense, a máxima na semana passada chegou a 17ºC, ficando a sete graus abaixo da média do mês. As mínimas também estão até 2ºC mais baixas do que nos últimos anos. (Fonte: G1)

Tempos de “aquecimento global” ou não!!!???

Ainda assim a vegetação está “com a corda toda” e nossa vaquinha “Miucha” não dá conta de comer todo o “pasto” disponível. Por isso, na semana passada e ainda ontem fizemos uma boa roçada pelas áreas ao redor das casas e estradas.

O material da roçada está sendo juntado e levado para a horta e para uma parte da plantação de feijão.

No local onde plantamos o feijão existe uma área com pouca cobertura de solo. É um leve declive onde fizemos algumas curvas de nível para conter a erosão, mas ainda não está bem recuperada apresentando pouquíssimo aparecimento de vegetação nativa, consequentemente não há material para permanecer sobre o solo o que provoca o seu ressecamento. Esperamos que com a cobertura adicional o problema se resolva. No momento é visível a diferença no desenvolvimento das plantas nessa área e nas demais onde a cobertura do solo é mais efetiva. Nos próximos dias veremos se há alguma mudança no quadro geral.

O girassol vem vindo lentamente, assim como o milho.

Não temos tido falta de água (chuva), mas com a oscilação da temperatura as plantas parecem estar um pouco “indecisas” sobre o que devem fazer.

Plantios de outubro

Em meados de outubro realizamos o plantio de girassol, milho e feijão.

Estamos testando o girassol, que deverá ser utilizado para extração de óleo e a “torta” para alimentação da nossa vaquinha “Miucha”.

O plantio foi feito em terraços que estavam em “pousio forçado” por uns 4 anos. Fizemos uma roçada e depois o terreno foi carpido, deixando-se todo o material sobre o solo. Na hora do plantio abrimos os berços com enxada, acrescentamos um pouco de calcário filler e colocamos as sementes.

Tivemos uma boa germinação até agora. O tempo colaborou, pois após cada plantio fomos agraciados com chuva e algum calor.

Ainda essa semana já está sendo feita a capina ao redor das plantas para evitar a competição. Todo o material carpido permanece sobre o solo, colaborando assim com o sombreamento e armazenamento de água.

O feijão costuma produzir muito bem aqui na chácara, mas o milho padece um pouco. A semente do milho tivemos que comprar mas a de feijão é de nossa própria produção. Estamos buscando alguma variedade de milho adaptada às nossas condições para podermos manter estoque próprio de sementes.

PDC outubro 2008

Depois de 9 dias muito produtivos, entregamos o Certificado de conclusão do CURSO DE DESIGN EM PERMACULTURA para mais 14 “aprendizes de permacultura”. A todos nossos votos de uma caminhada produtiva, permeada de “saberes” e “viveres”

Foram dias maravilhosos…

Fotos serão postadas em breve.