Tenho recebido algumas perguntas sobre como trato meus animais aqui na chácara e então achei que seria bom compartilhar o que tenho aprendido e praticado por aqui.
Sou uma criadora “alternativa” e comprei a primeira vaquinha para ter leite para a família depois de descobrir que minha filha é alérgica a Citrato de Sódio que é um estabilizante utilizado em leite de caixinha e vários derivados lácteos.
Não tenho nenhum luxo no trato com os animais.
Todos andam juntos e soltos no pasto o dia todo e de manhã e no final da tarde recebem um pouco de rolão de milho ou farelo no cocho.
Optei por fazer apenas uma ordenha por dia. A produção é suficiente para as minhas necessidades.
Quando chega a data prevista do parto ficamos observando as vacas. Geralmente deixamos solta durante o dia e fechamos em um piquete perto de casa durante a noite, apenas por precaução, uma vez que no período noturno ficam todos os animais perto de casa mesmo!
A raça Jersey tem uma característica muito interessante para criadores como eu que é parir bezerros pequenos. Isso significa que é raro termos problemas no parto.
Aqui temos tido a felicidade de sempre encontrar uma mamãe muito feliz lambendo uma cria bem esperta e saltitante.
Depois da cria limpa encaminhamos a vaca para o piquete perto de casa e ficamos observando para ver se o(a) bezerro(a) está mamando e se a vaca se limpa.
Não tenho tido problemas quanto a isso.
O que acontece algumas vezes é que o(a) bezerro(a) não consegue mamar imediatamente devido ao posicionamento dos tetos ou por estarem um pouco inchados. Aí damos uma mãozinha, ajudando o “bebe” a encontrar o teto ou mesmo ordenhando e oferecendo uma mamadeira. Mas de modo geral eles pegam com alguma facilidade e começam a mamar bem em suas mamães.
Tive dois casos interessantes.
Uma das vacas adotou o filho da outra e ele ficou bem fortinho mamando em duas vacas, a mãe e a madrinha!
Uma das bezerras não mamou na mãe por uns 10 dias e depois começou a mamar sem problema nenhum!
Bem, os filhotes ficam com as mães 24 horas por dia durante pelo menos dois meses.
Ordenho pela manhã mas não esgoto completamente e assim o suprimento para o filhote fica garantido. Também é possível deixar um teto sem ordenhar e esgotar os demais.
Quando completam dois meses separo os filhotes da mãe apenas durante a noite.
Deixo sempre o(a) bezerro(a) com um outro mais velho ou com uma vaca seca.
Pela manhã ordenho normalmente sem esgotar completamente e depois solto mãe e filho(a) junto durante o dia.
Quando o(a) bezerro(a) completa quatro meses aparto completamente da mãe. Deixo fechado o dia todo com alguma companhia por uns dez dias.
Depois desse período coloco a plaqueta no nariz e solto todos juntos novamente.
Já tive boas e más experiências. Uma das bezerras aprendeu a “virar” a plaqueta e continuou mamando por mais um tempo. Tive que deixar ela separada por mais de um mês.
Esse sistema não é exatamente o mais utilizado, mas é o que melhor se adapta às minhas necessidade e às minhas crenças.
Eu realmente acredito que o filhote deve permanecer um tempo com a mãe para aprender e receber o carinho e atenção que merece.
Acredito também que o bezerro se desenvolve melhor, mas não tenho dados estatísticos para confirmar.
Daqui a uns seis meses deverei estar inseminando a primeira bezerra nascida e criada aqui an chácara e daí pra frente poderei avaliar se meu sistema fez alguma diferença, mas com certeza esse é um “estudo” para muitos anos de observação.
O que posso dizer com certeza é que minhas vaquinhas parece que me conhecem e gostam de com as trato. E eu fico feliz por ter a opção de tratá-las dessa maneira.