Fabricando tijolos de adobe

A preparação para o curso de bioconstrução me apresentou o desafio de fabricar tijolos de adobe.

Muito havia ouvido falar mas nunca tinha estado, conscientemente, perto de um tijolo de adobe e muito menos fazia idéia de como seria fabricá-los.

Bem, tive que me virar e fiz conforme me foram indicando meus amigos Jorge, Tomaz e Cecília. E qual não foi minha surpresa ao ver meus tijolinhos darem certo.

Para fabricar os tijolos de adobe você precisará de terra, esterco fresco de vaca ou cavalo, palhada, água e formas.

MATERIAIS

A composição ideal da terra deve ser 60 a 70% de areia e 30 a 40% de argila.

Para verificar essa característica pegue um frasco de vidro grande e de boca larga. Preencha com a sua terra até 1/3 do volume e depois complete com água até 2/3 do volume.

Para o meu  teste utilizei garrafas pet, mas me pareceu que não aconteceu uma boa separação do material, assim, recomendo que se use potes de vidro mesmo!

Faça uma agitação bem intensa e depois deixe descansar. As partículas irão se separar e a areia irá para o fundo ficando a argila por cima. Por último fica a água que deve estar bem límpida. Medindo a altura da areia e da argila se define a porcentagem de cada uma.

teste terra

A terra que será utilizada deve ser retirada a partir de uns 50cm de profundidade, pois a camada mais superficial costuma ter boa quantidade de matéria orgânica em decomposição (serrapilheira, raízes, restos de animais e plantas,…) e esse material pode influenciar negativamente na qualidade do tijolo.

No meu caso a proporção estava ao contrário, muito mais argila que areia, por isso comprei areia para preparar uma boa mistura de terra. Para a mistura usamos 7 pás de areia para 3 pás de terra.

Como aditivos usa-se o esterco e a palha.

O esterco ajuda na estabilização química do tijolo e a palha na estabilização física.

As formas podem ser feitas de madeira ou metal. Quanto mais lisas forem as paredes internas mais facilmente se solta o tijolo. As dimensões variam de acordo com a necessidade, mas seria bom que o tijolo tivesse o comprimento igual a duas vezes a largura e a altura próximo à medida da largura. É conveniente colocar “abas” para levantar a forma.

Podem ser individuais, duplas ou quádruplas, ter formatos variados, por exemplo, em formato de cunha, com cantos arredondados, meio-tijolo, …

Fizemos formas simples e duplas de madeira. As dimensões são 20cm x 10cm x 10cm.

forma dupla

forma simples

modelos formas

O PREPARO

Para preparar a massa faça uma pequena depressão no solo e cubra com uma lona plástica grande. Coloque os ingredientes e vá pisando para juntar tudo. Acrescente a água, bem devagar. A massa deve ficar bem plástica e moldável. Muita água e perde a forma, muito seca, se esfarela.

A quantidade de água é variável e depende do grau inical de umidade do material utilizado (terra, areia).

O esterco utilizado deve ser fresco, de preferência.

Na minha “fábrica” fizemos algumas experiências.

Para a primeira receita utilizamos uma betoneira, que eu já tinha. Misturamos a terra, a areia, o esterco e a água. À medida que a betoneira ia trabalhando percebemos que a água começou a “sobrar” e a massa ficou mole. Acrescentam0s mais terra, areia e esterco.

betoneira 1

A terra e a areia que utilizamos estavam muito molhadas devido à chuva dos dias anteriores, por isso acredito que acabamos usando pouca água na mistura.

Na receita seguinte colocamos bem pouca água  e a massa ficou com boa consistência.

Para a terceira receita utilizamos a lona plástica e a betoneira. Misturamos a terra com a areia e o esterco na betoneira, despejamos na lona e fomos pisando enquanto acrescentávamos a palha e a água. Quando fizemos essa receita a terra estava mais seca e então usamos mais água.

Ficou muito bom. De início achei que coloquei muita palha, aí acrescentei mais da mistura básica e cheguei a um bom ponto.

Depois de bem amassada comece a fazer os tijolos. Molhe as formas pois assim os tijolos saem com mais facilidade.

Faça bolas com a  massa e jogue dentro da forma preenchendo bem os cantos. Retire o excesso de massa e desenforme o tijolo.

Tijolo e forma

Após retirar o tijolo passe a forma novamente na água e retire qualquer resíduo que tenha ficado grudado.

molhando formas 1

Os tijolos são postos para secar e depois de dois dias devem ser virados.

tijolos secando

Para a secagem completa dos tijolos pode demorar de poucos a vários dias dependendo das condições climáticas e da quantidade de umidade inicial do tijolo.

Em períodos mais úmidos é mais demorado, períodos mais secos e ensolarados seca mais rápido.

Divulgando o trabalho dos amigos!

O Sitio São Francisco oferece

Vivencia O Ser Permanente: Bioconstruindo com Tai Chi.

Temas abordados: Conceito e Design em Permacultura, Bioconstruções e Saúde e Bem-Estar Físico e Espiritual. Praticas: Telhado Vivo, Tai chi chuan, Superadobe, Taipa de Mao (pau a pique), pinturas naturais, meditação, reciclagem, calfetice, forno de barro, Cord Wood e oficina de pão.

Onde: Estação de Permacultura – Sitio São Francisco Comunidade Rural de Quatinga – Mogi das Cruzes – SP (80 km da capital)

Quando: Dias 17, 18 e 19 Julho de 2009

Quanto Custa: R$180,00 para profissionais e R$140,00 para estudantes – parcelamento e descontos para grupos podem ser solicitados via e-mail.

Inclui: certificado + alimentação ovo-lacto-vegetariana + área de camping + material didático

Quem somos: Felipe Pinheiro: Permacultor, Engenheiro Civil e Apicultor. Designer para Sustentabilidade, aplica técnicas de bioconstrução e princípios da Permacultura em ambiente rural e urbano. Ministra oficinas e cursos de Permacultura e Bioconstruções pelo Brasil. Morador e Coordenador da Estação de Permacultura Sitio São Francisco.

Lilia Diniz: Instrutora de Chi Kung e Tai Chi Chuan, Advogada ambiental e terceiro setor, Apicultora, com cursos de Permacultura e Bioconstrução em São Paulo, Bragança e Santa Catarina. Especialista em ciência ambiental, aplica técnicas Permacultura em ambiente urbano e rural. Coordenadora do Gen Ten: Chi Kung e Tai Chi Chuan.

Contato e informações sobre o curso:

permacultura_mogi@yahoo.com.br – Fone: (11) 9850-3306/ 8276-2390 *www.sitiosaofrancisco.wordpress.com* *http://genten.wordpress.com*

Fotos do I Curso de Construção de Baixo Impacto!

Seguem algumas fotos dos trabalhos realizados.

Esse é o fogão à lenha antes da reforma.

fogao antes

Ficou assim com o aquecedor de água e um belo arco aberto na parede para melhorar a iluminação do local.

fogão com aquecimento

Detalhe da construção do arco. Apenas uma forma para manter o desenho. Nada de ferro. Usamos tijolos maciços comprados pois os adobes ainda não estavam secos o suficiente.

arco iluminacao

Fizemos uma massa para reboco utilizando soro de leite no lugar da água. Essa massa foi feita alguns dias antes e ficou fermentando. Na foto essa massa é a mais escura. A parte mais clara foi a massa de reboco feita com água.

reboco fermentado e simples

Na proposta da reforma ampliamos um dos quartos e mudamos a porta do outro quarto. Para fechar a porta antiga utilizamos os tijolos de adobe feitos anteriormente.

parede adobe

Para o tratamento das águas cinzas construímos uma estufa com estrutura de bambu.

estufa bambu + bananeira

Essa é uma pequena amostra do que aconteceu por aqui durante o curso.

Ao longo da semana postarei as explicações mais detalhadas de cada estrutura e mais algumas fotos de como está  indo o restante da reforma.

Curso de Bioconstrução concluído!

Olá amigos,

Concluímos nosso I Curso de Biconstrução com a decisão de chamá-lo de I Curso de Construção de Baixo Impacto, que expressa melhor nossos pensamentos.

Foi um período muito rico em aprendizagem e troca de conhecimentos.

Instalamos o sistema de aquecimento de água em um fogão à lenha que foi remodelado, construímos uma parede com os tijolos de adobe, montamos uma estrutura com bambu que será usada como estufa para facilitar a evaporação do sistema de tratamento das águas cinzas da casa e ainda rebocamos uma parede com reboco natural e utilizamos o calfitice.

Para finalizar as atividades inauguramos o fogão à lenha utilizando a água aquecida para um chimarrão e “sapecamos” uma polenta com queijo colonial.

Agradeço a todos os participantes e instrutores por esse período tão agradável de convivência.

Durante a semana estarei postando as fotos dos trabalhos.