Técnicas de Construção com Terra Crua – Construção Natural

Quando escrevi o artigo sobre adobe aqui no blog não imaginava a repercussão que teria.

Mais do que isso, não imaginava que teria que estudar mais um bocado para poder responder aos questionamentos e dúvidas que surgiram.

E isso foi muito bom pois acabei aprendendo muita coisa interessante.

O assunto do momento é o aquecimento global e imediatamente nos lembramos dos grandes vilões da vez, os automóveis, e não nos damos conta do quanto nossas casas também contribuem para o agravamento da situação.

Você já pensou em quanta energia se gasta para produzir e transportar os materiais de construção, usados corriqueiramente, como tijolos cozidos e cimento?

E a energia que usamos para aquecer ou resfriar nossas casas e escritórios?

Por outro lado, você sabia que aproximadamente 1/3 da população mundial vive em edificações que utilizam a terra e técnicas com barro como a base de suas construções?

As construções feitas com terra crua apresentam um excelente conforto térmico, mantendo a temperatura e a umidade relativa do ar estáveis ao longo do ano dentro dos ambientes construídos.

O gasto de energia para transporte e transformação dos materiais utilizados é praticamente nulo.

“Uma construção tradicional é vernacular por essência, ou seja, utiliza materiais e técnicas próprias de seu lugar, demanda pouca energia para sua construção e demonstra enorme respeito ao meio na qual está edificada; fazendo parte assim do amplo leque das construções sustentáveis.” (http://ambiente.hsw.uol.com.br/adobe.htm)

Para conhecer um pouco da história das construções com terra acesse http://ambiente.hsw.uol.com.br/adobe2.htm.

Em uma construção natural podemos utilizar além da terra, pedras, fardos de palha, bambu, tocos de madeira e resíduos não processados.

Aqui falaremos das técnicas que utilizam a terra crua como matéria prima.

Para as diferentes técnicas utiliza-se uma massa básica constituída de terra com 60 a 70% de areia, 30 a 40% de argila e água em quantidade suficiente.

Alguns aditivos podem ser agregados de acordo com as necessidades ou com a técnica escolhida.

Os principais aditivos são:

Esterco de vaca ou cavalo que são estabilizantes químicos da massa.

Grãos, fibras, folhas secas e limpas, capins e palhas que estabilizam a massa e “amarram” internamente as partículas de areia e solo.

Cimento, cal e ou cinzas que proporcionam uma liga mais resistente e mais durável.

Óleos vegetais, látex, seivas e ou betume asfáltico que torna a mistura mais impermeável e com menos água fica mais resistente às intempéries.

(http://ambiente.hsw.uol.com.br/adobe3.htm)

Outro aspecto importante diz respeito à fundação e cobertura dessas edificações.

A fundação tem por finalidade isolar as estruturas de parede da umidade do solo.

Pode ser feita de concreto ou pedras.

A cobertura deve proporcionar um beiral de pelo menos 50cm.

As paredes devem receber uma proteção  e/ou pintura.

Técnicas

Adobe

A massa básica do adobe é feita com terra local (60 a 70% de areia, 30 a 40% de argila) e água suficiente para que se obtenha uma massa plástica e moldável.

Como aditivo físico pode-se utilizar algum tipo de capim ou palha longa e como estabilizante químico usa-se o esterco de vaca ou cavalo.

Nesse ponto acontece a primeira grande dúvida, como pudemos observar nos comentários do blog.

Onde vou conseguir o esterco, há algum substituto?

Tendo lido muitas informações sobre o adobe, poderia dizer que o esterco e a palha não devem ser os fatores limitantes para a fabricação dos tijolos, uma vez que, como dito anteriormente, a massa básica original é terra e água.

Os aditivos possíveis são citados no início do texto, mas gostaria de sugerir que sejam utilizados preferencialmente aqueles não industrializados.

Um dos aditivos substitutos mais citados é a cal. É importante utilizar a cal hidratada. A quantidae sugerida é aproximadamente 10% do total da mistura, por exemplo, para cada 10 litros de terra (um balde) usa-se 1 kg de cal. Mesmo utilizando-se a cal hidratada é importante lembrar que a mistura pode “queimar”, então é recomendável usar luvas e botas para trabalhar.

A terra deve ser peneirada e a massa deve ser muito bem amassada. Pode-se deixar a massa misturada descansando por uns dois à sombra. Depois desse período mistura-se novamente a massa e adiciona-se a água.

Os tijolos prontos devem descansar à sombra para secar.

Quanto maior a umidade ambiente mais demora para secar o tijolo. Em locais sujeitos a chuva eles devem ficar em local aberto, arejado e coberto.

Os tijolos devem ser virados com freqüência para uma secagem homogênea.

A massa utilizada para assentar os tijolos e para rebocar as paredes é a mesma que se usa para fazer os tijolos.

COB

Esta técnica utiliza a mesma massa do adobe, porém diretamente no local da construção.

São feitas bolotas com a massa e essas são assentadas umas ao lado das outras em camadas de até 20 cm. Faz-se todo o perímetro do cômodo a ser construído de uma só vez, respeitando as camadas. Cada camada deve secar bem antes de se começar a próxima camada.

Os cuidados com a fundação e cobertura são os mesmos que para as demais construções com terra crua.

Esta técnica permite que se façam cômodos circulares e se agreguem esculturas na própria estrutura das paredes.

(http://permaculturabr.ning.com/group/biocasa/forum/topics/tecnica-cob#.Tq36knImu9s)

Taipa de Pilão ou Taipa Socada

A massa usada é apenas terra (60 a 70% de areia, 30 a 40% de argila) e água apenas para umedecer. Pode-se acrescentar 10% de Cal na mistura.

Essa massa é colocada em uma forma instalada onde será levantada a parede e socada até tornar-se um bloco compacto.

As camadas de terra devem ser pequenas e bem socadas.

Cada vez que se preenche completamente a forma, ela é desmontada e montada novamente acima do nível concluído e o processo continua até a altura desejada.

                   http://ambiente.hsw.uol.com.br/adobe6.htm

 (http://yvypora.wordpress.com/2007/06/17/terceira-parede/43/)

Essa técnica proporciona a construção de paredes muito sólidas e que depois de prontas recebem um bom reboco e pintura.

Informações bem detalhadas são encontradas no blog da Casa da Montanha (http://yvypora.wordpress.com/category/paredes-de-taipa/)

Taipa de mão ou Pau-a-Pique

Esta é uma técnica onde se utiliza uma armação de madeira ou bambu recoberta com barro.

Bastante utilizada no meio rural, sofre de alguns preconceitos, mas o trabalho sendo realizado com critério e rigor cria estruturas muito bonitas e agradáveis.

É importante que se faça uma boa fundação que isole as paredes da umidade do solo e também um bom sistema de sustentação da armação de madeira.

 (http://static.hsw.com.br/gif/adobe-taipa-mao-b.jpg,

http://static.hsw.com.br/gif/adobe-taipa-mao-c.jpg)

A massa utilizada para recobrir a estrutura é a mesma usada para o adobe, isto é, terra local (60 a 70% de areia, 30 a 40% de argila), água suficiente para que se obtenha uma massa plástica e moldável, algum tipo de capim ou palha longa e esterco de vaca ou cavalo.

A estrutura deve ser preenchida com a massa sem deixar buracos ou falhas. Após a secagem, por umas três ou quatro semanas, podem aparecer algumas rachaduras que devem ser fechadas com a mesma massa utilizada anteriormente, Faz-se essa opração com uma espétula, preenchendo bem todas as trincas e deixando a parede toda com a superfície bem uniforme.

Após mais um mês faz-se a aplicação do reboco utilizando-se uma massa de barro e cal. Depois de seco o reboco é só pintar.

As paredes de taipas apresentam menor resistência à compressão, então sugere-se que a cobertura dessas construções seja feita com materiais leves e respeitando-seum beiral de pelo menos 50cm.

CORDWOOD (toquinhos de madeira)

A massa utilizada aqui é composta de terra local (60 a 70% de areia, 30 a 40% de argila)+serragem+cimento+cal.

Uma receita que pode servir de exemplo é a seguinte:

2 baldes de terra peneirada

1 balde de areia média peneirada

1 balde de cal

2/3 de balde de cimento

1 balde de serragem deixada de molho de um dia para o outro.

A terra disponível nesse caso tem uma proporção de aproximadamente 40% de AREIA E 60% DE ARGILA, por isso acrescenta-se a areia para se chegar à proporção necessária de 60% de AREIA E 40% DE ARGILA.

A massa é utilizada para assentar os tocos de madeira ou garrafas e assim forma-se a parede.

Não se faz reboco sobre a parede acabada.

SUPERADOBE

“Esta técnica ganhou notoriedade em 1984 quando a Agência Aeroespacial Norte Americana (NASA), promoveu um simpósio (Lunar Bases and Space Activies of the 21º Century) reunindo arquitetos e engenheiros para discutir a viabilidade de se construir na Lua.

Criado por Nader Khalili, arquiteto iraniano radicado nos Estados Unidos, o super adobe surpreendeu por evitar que grandes quantidades de material tivessem que ser levados ao espaço.” (http://ambiente.hsw.uol.com.br/adobe4.htm).

A técnica consiste em preencher com terra sacos de polipropileno que são empilhados formando as paredes.

Cada camada assentada deve ser bem socada e um fio de arame farpado deve ser colocado entre as camadas ara dar maior estabilidade ao conjunto.

Após a conclusão da estrutura faz-se um reboco como nas técnicas anteriormente descritas.

Algumas conclusões

Antes de iniciar uma construção, seja qual for a técnica escolhida é preciso lembrar que esta é uma empreitada que requer comprometimento e responsabilidade.

Avaliar a disponibilidade de material, tempo e mão de obra é imprescindível para decidir qual a técnica mais adequada.

Escolhida a técnica muitos testes devem ser feitos antes de iniciarmos a obra. Faça pequenos protótipos e observe os resultados.

Anote as “receitas” para saber qual deu certo e assim poder repeti-las com sucesso.

Para que sejamos coerentes com essa escolha, devemos nos lembrar que não basta construir paredes de forma “alternativa”.

Uma construção natural implica no uso consciente  e racional dos materiais, mesmo que sejam “de graça”, adequação dos sistemas de iluminação e tratamento de resíduos e uma inserção responsável na comunidade.

Quando tomamos os devidos cuidados podemos construir uma casa que será efetivamente um lar que terá a nossa cara.

Alguns sites para consulta

http://yvypora.wordpress.com/

http://www.abeta.com.br/aventura-segura/socioambiental/pgn.asp?id_pg=114&nivel=2

http://www.abcterra.com.br/construcoes/index.htm

http://ambiente.hsw.uol.com.br

Palestra do CEEBJA de Campo Largo

Hoje estive falando no CEEBJA Prof. Domingos Cavalli (Centro Estadual de Educação Básica para Jovens e Adultos) em Campo Largo, onde está acontecendo a Semana Cultural com o tema “SEJA VOCÊ A MUDANÇA QUE QUER VER NO MUNDO (Gandhi)” pensando na idéia da sustentabilidade.

Apreciei muito o convite feito pela pedagoga Simone e agradeço aos professores,  professoras e alunos presentes durante as palestras. Foram momentos gratificantes uma vez que falei sobre um assunto que muito me agrada, a Permacultura.

Outros profissionais lá estiveram falando sobre Construções Sustentáveis e o programa de Hortas Escolares recém implantado no município.

Parabenizo a equipe da organização pela iniciativa e desejo sucesso para o restante das atividades previstas para os próximos dias.

A História do Bambu Chinês

Recebi essa mensagem e gostei muito, por isso compartilho com todos! 

  Depois de plantada a semente deste incrível arbusto, não se vê nada por aproximadamente 5 anos, exceto um lento desabrochar de um diminuto broto a partir do bulbo. Durante 5 anos, todo crescimento é subterrâneo, invisível a olho nu, mas… Uma maciça e fibrosa estrutura de raiz, que se estende vertical e horizontalmente pela terra está sendo construída.

Então, no final do 5º ano, o bambu chinês cresce até atingir a altura de 25 metros.

Um escritor escreveu: “Muitas coisas na vida pessoal e profissional são iguais ao bambu chinês. Você trabalha, investe tempo, esforço, faz tudo o que pode para nutrir seu crescimento, e às vezes não vê nada por semana, meses ou anos… Mas se tiver paciência para continuar trabalhando, persistindo e nutrindo o seu 5º ano chegará, e com ele virá um crescimento e mudanças que você jamais esperava.

O Bambu chinês nos ensina que não devemos facilmente desistir de nossos projetos e de nossos sonhos. Em nosso trabalho principalmente que é um projeto fabuloso que envolve mudanças de comportamento, de pensamento, de cultura e de sensibilização, devemos sempre lembrar do bambu chinês para não desistirmos facilmente diante das dificuldades que surgirão. Procure cultivar sempre dois bons hábitos em sua vida: a persistência e a paciência, pois você merece alcançar todos os seus Sonhos!

“É preciso muita fibra para chegar às alturas, ao mesmo tempo, muita flexibilidade para se curvar ao chão.”