É tempo de Poda!

Quando chega o inverno nos lembramos da poda.

A poda é a supressão de partes da planta (galhos, folhas, flores, frutos, raízes) com uma finalidade definida.

A época indicada para a realização da poda é durante o descanso vegetativo das plantas e isso costuma ocorrer no inverno, de modo geral. Além disso devemos observar a fase da lua mais adequada, que é a minguante.

Em nossa região realizamos a poda na minguante de julho ou agosto. Se em julho for no início do mês deixamos para agosto.

A época vale tanto para ornamentais como plantas de produção.

É importante salientar que algumas espécies de plantas florescem logo no início da primavera, como é o caso dos Ipês e das Azaleias, entre outras. Essas plantas deverão ser podadas somente após o término da floração. A poda de inverno, para elas, suprime as gemas que já estão preparadas para florescer.

Para uma poda bem sucedida devemos ter boas ferramentas e conhecer bem a planta a ser podada.

As tesouras e serrotes devem estar bem afiados e limpos e devem ser adequados ao trabalho.

Sempre que precisar podar uma planta doente lembre-se de eliminar o material retirado e limpar bem a tesoura antes de podar outra planta.

Após a operação da poda devemos afofar e adubar os canteiros ou berços das plantas.

A adubação deve ser preferencialmente orgânica e deve ser feita nos 2/3 externos da projeção da copa.

projeçaõ da copa

Nesse artigo trataremos ad poda das frutíferas.

I. INTRODUÇÃO

As frutíferas podem ser árvores (caqui, maçã, pêra, pêssego, figo), arbustos, trepadeiras (amorinha, videira, kiwi, maracujá) herbáceas (bananeira, abacaxi) e mesmo forrações (morango).

A poda nas frutíferas tem a finalidade de melhorar a produção dos frutos, tanto em qualidade como em quantidade, e principalmente evitar a alternância de produção de um ano para outro.

2. TIPOS DE PODA

As principais podas realizadas nas frutíferas são:

2.1. Poda de Formação: inicia-se no viveiro e continua por um ou dois anos após o plantio. Esta poda definirá o formato da copa da planta.

2.2. Poda de Frutificação: realizada anualmente, visa manter o equilíbrio da produção. Normalmente esta poda é realizada no inverno, podendo ser feita eventualmente no outono ou no verão, porém nestes casos ocorre uma diminuição do vigor da planta. A intensidade dessa poda varia de espécie para espécie e das condições de cada planta (vigor, idade, sistema de condução, etc…). O que se verifica é que normalmente as frutíferas de folha caduca (pessegueiro, videira, macieira, etc…) dependem mais da poda de frutificação para que tenham uma produção adequada.

2.3. Poda de Limpeza: é a poda realizada para retirar os ramos doentes, danificados, voltados para o interior da copa e principalmente os ramos ladrões (brotações do porta enxerto ou os muito vigorosos e verticais da copa), sendo realizada durante todo o ano, sempre que necessário. Em algumas espécies, como os citros, manga, abacate, esta é a principal poda realizada, pois não há necessidade da poda de frutificação propriamente dita. Nesse caso eliminam-se os ramos internos mais sombreados e encurtam-se alguns outros, favorecendo o arejamento e iluminação do interior da copa e promovendo uma melhor brotação das gemas floríferas e uma melhor qualidade dos frutos.

2.4. Poda de Rejuvenescimento: utilizada para renovar completamente a copa de plantas velhas ou que tenham sofrido ataque intenso de pragas ou doenças, e também para alterar a forma de condução da copa.

3. SISTEMAS DE CONDUÇÃO

A forma que daremos às nossas plantas frutíferas será basicamente livre ou apoiada.

Os exemplos da forma apoiada são latada e espaldeira.

Na latada temos o crescimento de um ramo vertical que depois se “espalha” sobre fios de arame horizontais, formando um teto com a vegetação. Eventualmente, no caso das latadas, a incidência de doenças fúngicas é favorecida, sendo assim recomenda-se o uso de latadas descontínuas.

Nas espaldeiras as plantas são conduzidas ao longo de uma “cerca”, o que facilita os tratos culturais, inclusive a poda.

Para as formas apoiadas devemos sempre levar em consideração as condições climáticas do local e observar que em locais mais úmidos é mais indicado o uso de espaldeiras, que assim mesmo devem ter o seu primeiro andar não muito próximo ao solo.

As formas de condução apoiadas são utilizadas em videira, maracujá, kiwi e também em macieiras, pereiras, ameixeiras e pessegueiros.

Quanto ao sistema de condução em forma livre encontramos as seguintes conformações de copa: taça, vaso, líder central e guia modificado.

4. INTENSIDADE DA PODA

Como já foi dito anteriormente a intensidade da poda varia de espécie para espécie e das condições da própria planta, assim sendo precisamos conhecer muito bem os hábitos das plantas a serem podadas, e sempre que houver dúvidas recomenda-se não podar ou fazer uma poda exclusivamente de limpeza.

Existem plantas que frutificam em ramos que se formaram durante o ano, outras que frutificam em ramos com um, dois, três quatro ou mesmo cinco anos, por isso, para cada uma teremos intensidade de poda diferente. Como regra geral podemos dizer que quanto mais jovem for o ramo que frutificará mais intensa será a poda.

Além dessas informações devemos saber que as frutíferas apresentam dois tipo de ramos, os mistos (crescem e frutificam) e os especializados (só frutificam), e algumas espécies apresentam os dois tipos e outras apenas os ramos mistos.

Devemos observar também que podas intensas estimulam a vegetação da planta e às vezes podem atrasar a frutificação.

5. TIPOS DE RAMO:

5.1. Ramos Especializados

Esporões: ramos curtos, com entrenós curtos, dois anos de idade, grossos, com uma gema florífera na ponta.

Dardos: ramos curtos, entrenós curtos, porém não tão grosso como os esporões. É o ramo que precede o esporão.

Brindilos: ramos finos, com entrenós normais, medindo cerca de 20 cm, flexível, com gema florífera na ponta. Podem se ramificar originando dardos ou esporões.

Todos estes ramos praticamente só florescem, e consequentemente frutificam, e quase não apresentam folhas, por isso mesmo devem sempre estar acompanhados de ramos vegetativos que lhes garantirão o alimento para que frutifiquem adequadamente.

5.2. Ramos Mistos

Os ramos misto são aqueles que produzem gemas floríferas e gemas vegetativas.  Eles são os responsáveis pelo bom crescimento da planta bem como pela quantidade adequada de folhas.

Este é o ramo mais importante na hora da poda, pois uma poda mal feita nesses ramos pode induzir a um excesso de vegetação prejudicando a frutificação ou então promover uma frutificação muito grande diminuindo a qualidade da produção e o crescimento da planta.

6. Poda de Algumas Frutíferas

6.1. Maçã e Pera

A macieira e a pereira normalmente são conduzidas em guia modificado. A primeira pernada será a cerca de 80 cm do solo, onde se corta o ramo principal, originando-se os ramos laterais. Os ramos laterais serão em número de quatro, dispostos ao redor do tronco, e deverão ser forçados lateralmente quando tiverem + 20 cm, em plena vegetação. No segundo ano desponta-se em média um terço dos ramos laterais após o início da brotação. O líder sofre desponte à 70 ou 80 cm acima do primeiro corte, criando assim um segundo andar semelhante ao anterior. Faz-se o arqueamento dos ramos do 2o andar e também dos ramos do 1o andar que tenham voltado à posição vertical. Os brotos do meio da copa devem ser eliminados. No terceiro ano podemos formar o 3o andar conforme descrito anteriormente. A partir do 3o ano já se inicia a produção nas macieiras e no 4o ano para as pereiras, diminuindo o crescimento das plantas o que significa que as próximas podas serão mais leves, retirando-se principalmente os ramos verticais, os muito próximos ou entrelaçados.

Com o “esqueleto” da planta formado, devemos cuidar da poda dos esporões . À medida que a árvore se torna adulta os conjuntos de esporões ficam compactos devendo ser desbastados. Deve-se suprimir os esporões voltados para baixo e os mais fracos.

A frutificação da maçã e da pera ocorre em ramos de 1, 2, 3 e até 4 anos.

5.2. Ameixa e Pêssego

Estas duas espécies devem ser conduzidas em forma de taça ou cone invertido, forma que permite que o centro da copa fique livre, possibilitando uma boa aeração e insolação.

Quando temos mudas muito vigorosas, com muitos ramos, faz-se uma poda de rebaixamento para 50 ou 60 cm, eliminando-se totalmente os ramos laterais. Na primavera seguinte surgirá um grande número de brotações laterais. Escolhe-se 4 ou 5 ramos dispostos ao redor do tronco. Estes serão os ramos que sustentarão os novos ramos que irão se formar e onde ocorrerá a frutificação. No 2o ano faz-se o desponte de 1/3 dos quatro ou cinco ramos iniciais, selecionando-se alguns ramos laterais que também deverão ser podados no máximo à 1/3 de seu comprimento. Eliminam-se os ramos voltados para baixo ou para cima. O aspecto dos ramos é o de espinha de peixe, ficando assim bem ensolarados e aerados. A frutificação do pêssego ocorre em ramos de 1 ano e da ameixa em ramos de 2 anos, e ,em ambos, uma única vez em cada ramo, o que significa que devemos realizar podas sistemáticas com formação de novos ramos todos os anos.

6.3. Citros

A poda dos citros é pouco intensa, sendo extremamente importante a poda de formação, onde devem ser eliminadas todas as brotações do porta enxerto e força-se a brotação de 3 ou 4 brotos distribuídos em espiral ao redor da haste central numa altura de 50 a 60 cm. Deve-se evitar que os ramos escolhidos saiam muito próximos . Após o início da produção as poda são leves, retirando-se os galhos debilitados, encostados no chão, doentes e ladrões. Algumas espécies emitem brotações muito vigorosas (Ponkan, Limão Siciliano), devendo-se despontar os ramos na altura média da copa. Outras formam uma copa muito densa, sendo então beneficiadas pelo desbaste dos ramos do centro da copa.

Em pomares velhos pode-se fazer uma poda de rejuvenescimento, mas esta só se justifica para plantas em bom estado sanitário e que tenham um bom sistema radicular.

6.4. Bananeira

Após a implantação das mudas deixamos apenas uma brotação, eliminando as demais. Após 4 ou 5 meses deixa-se sair a 2a muda e aos 10 meses a terceira, assim teremos uma planta com 3 mudas – mãe, filha e neta. Quando a primeira muda produz, ela deve ser cortada e pode-se deixar aparecer mais uma nova brotação.

6.5. Figueira

A condução mais usada para a figueira é na forma de vaso baixo.

À cerca de 30 ou 40 cm do solo escolhem-se 3 ramos que formarão a estrutura da planta. No primeiro ano estes 3 ramos serão podados a 20 cm ou com 2 a 4 gemas cada um. Haverá a brotação de várias gemas. Selecionam-se dois brotos bem colocados. No 2o ano teremos 6 ramos longos que já deverão ter frutificado. Cortam-se esses 6 ramos à 20 cm deixando-se dois brotos em cada ramo, o que nos dará 12 ramos., e eliminando-se os demais ainda jovens. No inverno, antes da brotação faz-se esta poda, até que cheguemos a ter entre 24 e 40 ramos, sendo que quanto maior o número de ramos menores os figos.

6.6. Caquizeiro

A muda terá a haste principal cortada à 50 ou 60 cm do solo, selecionando-se 3 a 4 ramos distribuídos ao redor da haste e distantes cerca de 10 a 20 cm um do outro. Estes ramos serão podados no inverno seguinte a 1/3 ou ½ de seu comprimento. Eliminam-se os que brotarem verticalmente e os muito vigorosos, bem como aqueles que estiverem virados para baixo e os que estiverem se entrelaçando no meio da copa. O raleio dos fruto é obrigatório.

6.7. Videira

Para a videira a poda é indispensável, pois é ela quem equilibra a vegetação e a frutificação.

Podemos verificar três tipos de poda:

Poda curta: deixa-se no máximo 3 gemas por ramo, é indicada para as videiras americanas .

Poda longa: deixa-se entre 5 e 6 gemas por ramo, é indicada para as videiras européias.

Poda mista: a planta recebe poda longa e curta.

A poda é realizada em duas épocas, sendo uma no inverno e outra após a formação completa dos cachos. Para as videiras americanas faz-se principalmente a condução em latada, onde uma única vara cresce verticalmente e depois se espalha sobre o aramado superior. A poda nesse caso geralmente é a mista. Para as variedades viníferas indica-se o uso do sistema de condução em espaldeira, ou seja, instalam-se as plantas em “cercas” com 3 a 4 fios de arame. Este sistema facilita os tratos culturais. Verifica-se  que o sistema de latada pode eventualmente induzir a disseminação de doenças fúngicas, mas a produção costuma ser maior que a obtida em plantas conduzidas em espaldeira.

7. RALEIO DE FRUTOS

Para garantir uma boa produção sem alternância devemos realizar o raleio dos frutos, que também é uma poda, e vale praticamente para todas as frutíferas. Este raleio deve ser realizado de cima para baixo, deixando-se os frutos mais bem formados e mais sadios, eliminando-se preferencialmente os frutos do interior da copa. Para os pessegueiros deve-se deixar os frutos voltados para baixo e mais próximos de ramos maiores. Para o raleio, de qualquer espécie, os frutos devem ter cerca de 1 a 2 cm de diâmetro. A quantidade de frutos que permanecem é variável, sendo regra geral não deixar nenhum fruto em plantas com menos de dois anos. Recomenda-se o raleio para todas as plantas com muita carga ou plantas muitos jovens, pois a manutenção de muitos frutos pode ocasionar a quebra de galhos, baixo rendimento médio ao longo dos anos, diminuição do vigor da planta, e até a morte prematura da planta. Com o raleio correto garante-se uma boa produção, com qualidade e principalmente durante muito tempo.